Mab Abreu
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Você pensa em desenvolvimento neural, quando o assunto é redução da maioridade penal?

Você pensa em desenvolvimento neural, quando o assunto é redução da maioridade penal?   

Segundo dados do Datafolha (2015) a taxa de brasileiros adultos favoráveis à redução da maioridade penal para qualquer tipo de crime vem crescendo: era 62% em 2003, 71% em 2006, e agora alcança 74%.

 
      A redução da criminalidade é desejo de toda a sociedade.
    Considerando que o encarceramento não garante a não repetição do crime após a soltura do indivíduo, qual a função de um sistema exclusivamente punitivo sobre o comportamento não desejado?

      A psicologia comportamental define a punição como ajuste de comportamento e isso precisa estar em diálogo entre o ministério público e o desenvolvimento da ciência, principalmente no que tange à ciência do cérebro.
       Um Sistema penal que castiga e culpabiliza não desenvolve os aspectos necessários no Sistema Nervoso Central (SNC) dos indivíduos, nem os transforma em adultos autorresponsáveis.
    Classificando a punição como um processo de aprendizagem, ela precisa estar associada ao conceito de consciência, e para isso é preciso considerar as competências cognitivas de cada idade. O embasamento cientifico para a pena precisa avaliar que todo comportamento necessariamente precisa ser mediado por uma decisão (utilização do córtex frontal) que está atrelada à  consciência do indivíduo quando cometeu o ato.
  Ninguém nasce com consciência humana formada e o objetivo das medidas socioeducativas precisa propor a capacitação da consciência individual dos adolescentes, gerando uma maturação cerebral, visto que os adolescentes usam a amígdala em vez do córtex pré-frontal na maior parte do tempo. Em outras palavras, eles estão usando suas emoções para tentar entender a emoção.
 
     BJ Casey, professora da Psicologia da Universidade de Yale, nos EUA, é uma das maiores autoridades mundiais no tema desenvolvimento cerebral na adolescência e seus estudos mostram que o amadurecimento temporalmente desigual dos sistemas cerebrais gera consequências comportamentais como maior sensibilidade a recompensas.
 
     Estamos diante de um quadro de retroalimentação coercitiva, que visa sanar um problema social, de menores infratores, marginalizando-os. Existem 461 unidades de medidas socioeducativas em funcionamento em todo o país, entretanto ainda precisaremos discutir sobre aspectos educacionais de base, como solução para reconsiderar o índice de criminalidade entre menores.
      A Lei nº 8.069/90 é dotada de caráter especial, pelo fato de acolher em seus artigos diversos princípios que visam a proteção dos direitos infanto-juvenis, os quais necessitam de uma política de atendimento específica, “para que tenham um desenvolvimento físico, mental (aperfeiçoamento cerebral) moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.” Para Louzada (2019) esse sistema repressivo torna probabilidade de tomada de decisões menos adequadas, principalmente àquelas que envolvem a necessidade de autocontrole. 

Juízes da Infância e Juventude definem a punição de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).


    A região frontal do nosso cérebro é responsável por tomadas de decisão, e se comunica fisiologicamente com outras regiões, para realização das funções executivas, capazes de aumentar o controle sobre os impulsos e maturidade emocional. Ainda considerando o amadurecimento do córtex pré frontal, os disparos neurais vão sendo modulados e mielinizados à medida que ocorre a interação com o ambiente. Na relação cérebro-ambiente, o sujeito desenvolve a capacidade de gerar planejamento, avaliação de risco e autocontrole. Nesse sentido, o ápice da curva de desenvolvimento celular ocorre até por volta dos 30 anos de idade, formando assim as conexões neurais mais consolidadas do nosso córtex frontal e possibilitando o amadurecimento cerebral e cognitivo.


   Independente da curva do desenvolvimento sobre a idade, o nosso cérebro tem capacidade infinita de aprendizagem, gerando novas conexões neurais, que caracterizam a neuroplasticidade. Entretanto o modelo coercitivo punitivo não proporciona ao adolescente um trabalho de desenvolvimento dessas competências neurais o suficiente para se questionarem sobre qualquer ato infracionário. 

 

     Para o desenvolvimento biológico e social a tomada de medidas sócio-educativas, com o objetivo de corrigir comportamentos não funcionais, precisam estar alinhadas à maturação neural, através de práticas autoreguladoras e geradoras engajamento emocional/ afetivo. Assim aumentará a performance do sistema límbico e através de intervenções que contribuam para o desenvolvimento critico de competência conscientes. Sejam práticas mais tradicionais ou tecnólogicas, utilizando recursos de realidade virtual e/ou games que possibilitem aos menores imersão e criatividade.


    As competências cognitivas relacionadas a cada idade é assunto de Segurança Nacional, Saúde e Educação, sabendo que devemos preservar em defesa da sociedade os benefícios sociais e individuais dos direitos do indivíduo.

Punir sem corrigir é irresponsabilidade do estado.
 
Referências:

http://datafolha.folha.uol.com.br/opiniaopublica/2015/04/1620652-87-dos-brasileiros-sao-a-favor-da-reducao-da-maioridade-penal.shtml
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=502

http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/87990-ha-mais-de-22-mil-menores-infratores-internados-no-brasil

https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-lei-8069-90

https://www.kidshealth.org.nz/adolescent-brain-development

 

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Deputado Federal Joinville - Soberania Nacional Fapesc 60-2025
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Jackson Cionek

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