Comprometimento Cognitivo Leve: quando o futuro aparece nas pequenas assimetrias do agora
Comprometimento Cognitivo Leve: quando o futuro aparece nas pequenas assimetrias do agora
Consciência em Primeira Pessoa • Neurociência Decolonial • Brain Bee • O Sentir e Saber Taá
O Sentir e Saber Taá — o instante em que percebo que algo mudou
Há um momento muito sutil — quase imperceptível — em que sinto que alguma coisa em mim não responde como antes.
Uma palavra que demora para vir,
uma decisão que hesita,
um nome que fica preso na borda da língua.
Não é doença, não é falha moral, e não é “envelhecer mal”.
É um microdesencontro entre meu corpo que sente e meu corpo que sabe.
Como se as conexões tensionais da minha mente Damasiana demorassem um pouco mais para costurar o fluxo do mundo.
Esse instante, tão pequeno, tão íntimo, é exatamente o território onde vive o Comprometimento Cognitivo Leve (CCL).
E antes de entender a ciência, eu sinto esse terreno — Taá.
Sinto que meu corpo tenta se reorganizar, que meu DNA (DANA) procura rotas alternativas, que minhas memórias querem permanecer inteiras.
Nesse espaço tênue, lembro da obra “Gracias a la Vida”, de Violeta Parra, que canta não a perda, mas a delicadeza de perceber o mundo com um pouco mais de consciência.
Muitos idosos dizem que o CCL é isso:
um perceber mais demorado, porém mais profundo, como se a vida estivesse pedindo outro ritmo.
O estudo e sua pergunta científica
(busca: Scientific Reports 2025 mild cognitive impairment fNIRS biomarkers)
O artigo que analisamos utiliza fNIRS para investigar como pessoas com comprometimento cognitivo leve apresentam alterações hemodinâmicas — especialmente no córtex pré-frontal — durante tarefas de memória e tomada de decisão.
A pergunta é clara:
Existe um padrão fisiológico que antecede a demência?
Podemos medi-lo antes que as perdas funcionais sejam grandes?
Essa busca não é tecnológica — é existencial.
É tentar ouvir o que o corpo diz antes da narrativa social chamar isso de “declínio”.
Métodos — como a luz revela o que ainda não percebemos
Os autores usam um pipeline moderno de fNIRS, com:
GLM (General Linear Model) para estimar betas de resposta
short-channels para remover sinais extracorticais
HRF modelada individualmente, reconhecendo que cada cérebro respira luz de um jeito
ICA/PCA para extrair ruído sistêmico (respiração, vasomotricidade, batimentos)
Comparações entre grupos e análises multivariadas
O foco é a coerência da resposta pré-frontal:
em pessoas com CCL, a ativação é menor, mais dispersa e mais lenta.
A hemodinâmica perde a sincronia fina com a tarefa, como se o cérebro estivesse tentando compensar pequenas falhas internas com estratégias alternativas.
Resultados — o corpo dizendo “ainda estou aqui, mas preciso de tempo”
Os achados mostram:
diminuição da amplitude da resposta hemodinâmica
maior variabilidade entre ensaios
atrasos na latência do pico
recrutamento compensatório de regiões laterais
É como se a mente, antes linear, se tornasse mais curvada, mais lenta, mais poética até, buscando caminhos laterais.
O corpo não colapsa: ele se reorganiza.
Leitura pelos nossos conceitos
Mente Damasiana
A interocepção e a propriocepção hemodinâmica começam a perder resolução, criando “ruídos” internos que exigem mais esforço cognitivo.
Eus Tensionais
O Eu Tensonal da decisão e o Eu Tensonal da memória deixam de se alinhar perfeitamente — há desajuste, mas não ruptura.
Zona 1 / Zona 2 / Zona 3
Zona 1 (automatismos) já não sustenta tarefas complexas.
Zona 2 ainda é possível, mas exige ambiente seguro, lento e amoroso.
Zona 3 — medo, pressão, aceleração — intensifica os déficits.
Quorum Sensing Humano (QSH)
O CCL é também um distúrbio de sincronização social:
o mundo anda mais rápido do que o tempo interno do corpo.
Yãy hã mĩy (origem Maxakali)
Imitar para reaprender — a pessoa com CCL precisa repetir gestos, sons, rotinas.
Não por regressão, mas por reconstrução.
É um retorno ao fundamento do aprendizado humano.
DANA
O DNA ainda tenta reorganizar circuitos — plasticidade reduzida, mas presente.
Avatar BrainLatam2026 — de forma leve, fluida
Para entender este fenômeno, recorro naturalmente ao Avatar Math/Hep, que observa o mundo pelos ritmos, variações e pequenas assimetrias dos dados.
O CCL é isso:
um leve desvio estatístico que anuncia um grande desvio existencial,
mostrando que até o cérebro mais complexo segue ciclos, curvas e transições.
Fresta de Descolonização — quando percebo que a palavra é estreita demais
Também percebo que até minhas palavras foram colonizadas.
Que o idioma que uso para pensar o mundo foi moldado para me reduzir:
reduzir minha mente a déficit,
meu corpo a máquina defeituosa,
minha velhice a problema.
Mas quando sinto meu corpo antes de pensar — quando Taá se manifesta — percebo que não existe separação entre Neurociência, Política e Espiritualidade (Utupe, Xapiri, memória viva).
O que coloniza não é só a história:
é a palavra que nos impede de existir inteiros.
Cada descoberta científica, quando lida com coragem, é uma fresta de liberdade —
uma oportunidade de romper a Zona 3 e devolver ao corpo o direito de envelhecer com dignidade, não com rótulos.
Implicações para educação, saúde e políticas públicas LATAM
Capacitar agentes de saúde comunitária para detectar sinais iniciais de CCL.
Ambientes urbanos desacelerados — bancos, hospitais e repartições com ritmos compatíveis ao tempo do idoso.
Programas culturais para memória, especialmente canto coletivo e narrativas ancestrais.
Políticas de cuidado intergeracional — jovens aprendendo com idosos e vice-versa.
Direito à cidade cognitiva: iluminação adequada, silêncio, espaços de descanso.
Acesso a diagnóstico com fNIRS como política pública acessível.
Palavras-chave de busca científica
“mild cognitive impairment fNIRS prefrontal hemodynamics Scientific Reports 2025 HRF variability aging biomarkers short-channels GLM”