Desenvolvimento ou Submissão? O Mito do Capital Estrangeiro

A ideia de que um país precisa "atrair capital externo para se desenvolver, mesmo que especulativo" é, de fato, um dos pilares do modelo neoliberal globalizado, mas não é uma verdade absoluta nem uma necessidade natural. 

Desenvolvimento ou Submissão - O Mito do Capital Estrangeiro

1. Por que dizem que é necessário atrair capital externo?

    A lógica dominante:

   Capital externo = dinheiro vindo de fora (investimento direto, empréstimos, especulação etc.)

   Países em desenvolvimento precisam de investimentos para construir infraestrutura, gerar empregos, desenvolver indústria etc.

   Como não têm poupança interna suficiente, recorrem a investidores estrangeiros.

Essa visão parte da premissa de que os países pobres são pobres porque não têm capital, e por isso precisam “importá-lo”.

  2. O problema com o capital especulativo

  Capital especulativo é aquele que:

 Entra rápido e sai rápido, visando lucros no curto prazo.

 Não investe na produção, mas sim em:

  * Juros altos

  * Compra de ações e títulos para ganhar com valorização

  * Movimentos de câmbio

Isso desestabiliza a economia, porque:

* Cria volatilidade cambial

* Exige que o país pague juros altos para atrair e manter esse dinheiro

* Aumenta a dívida pública

* Não gera empregos reais nem desenvolvimento sustentável

 3. Como esse modelo se sustenta?

     1. Dependência estrutural

      Muitos países adotaram reformas (como privatizações, abertura de capitais e metas de inflação) para atrair esse capital.

      A lógica do FMI e do Banco Mundial: quem não adere a esse modelo perde acesso ao crédito internacional.

     2. O “risco Brasil”

* Agências de risco (privadas) dizem se um país é "confiável".

* Se o país tenta sair dessa lógica, seu risco sobe — e o capital foge.

* Isso gera chantagem permanente: "ou você segue a cartilha ou o dólar sobe".

      4. Há alternativas? Sim.

     Alternativas reais que vários países exploram:

1. Poupança interna e bancos públicos (ex: BNDES no Brasil antes de 2016).

2. Moeda soberana e controle de capitais (ex: China, Malásia, Coreia do Sul nos anos 90).

3. Investimento em tecnologia e agregação de valor interno.

4. Moeda digital soberana com créditos locais (ex: proposta do DREX Cidadão).

5. Controle sobre fluxos de capital especulativo (como o Chile já fez com sucesso).

5. Conclusão: um país precisa de capital, mas...

Não precisa ser dependente* de capital externo — muito menos especulativo.

Atrair capital especulativo não é desenvolver: é vender soberania em troca de volatilidade.

A verdadeira saída está em reorganizar a economia nacional para que:

* O dinheiro gire internamente

* A riqueza seja distribuída

* O investimento priorize o bem-estar, não o lucro imediato